quinta-feira, 17 de abril de 2014

Dois anos


O tempo voa, mas a lembrança de certos acontecimentos segue lógica inversa. Dois anos atrás perdi o meu ídolo, meu exemplo, meu amigo mais compreensivo, meu pai.

Divergíamos muito, brigávamos outro tanto, mas nada que comprometesse seriamente o respeito/estima/admiração/carinho/amor. Deus sabe o quanto relutei para aceitar que o meu painho querido desencarnou. Evitei escrever sobre isso, de maneira mais visceral e direta, até o dia de hoje.

Entendo e aceito racionalmente que desencarnar faz parte da vida. É rito de passagem para a Vida Real (espiritual). Mas a saudade e a tristeza são fraquezas que me acompanham. A morte do corpo físico de meu pai foi a coisa mais dolorosa que já enfrentei até hoje. Não sou daqueles que abre o coração (e o verbo) com facilidade, mas não falar (no caso, escrever) sobre, estava me consumindo.

Luiz Antonio Barreto, nascido em 10.02.1944, filho de Josefa Alves Barreto e João Muniz Barreto, segundo de três filhos, pai de três filhos, avô de cinco netos, foi um dos maiores intelectuais de sua geração, pesquisador dedicado, folclorista da melhor estirpe, historiador renomado, sociólogo reconhecido, jornalista estrelado, dentre outras tantas coisas, seduzia a todos com sua verve e oratória inconfundíveis. Dono de memória privilegiada, que somada a sua inteligência descomunal, encantou os que tiveram o prazer de lhe ouvir, fosse numa palestra, ou num papo informal.

Garoto prodígio, “adotado” profissionalmente pelo ilustre jornalista Orlando Dantas, cresceu e apareceu, foi um homem brilhante, trilhou as carreiras que quis, genial em suas áreas de atuação, além de ter sido um ser humano muito generoso e que sabia como poucos compreender o outro (a psicologia do outro, como ele dizia). Foi embora sem aviso, sem despedidas e deixou órfãos todos nós que convivemos com ele.

Pai, que você seja muito feliz em sua nova vida, que siga ajudando nossos irmãos (filhos de Deus), como sempre fez, te amo painho.

Luscas (um dos modos como ele me chamava quando muito bem humorado)

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